ATCP - Passeio à Raia Alentejana
Sexta-feira, dia 27 de Março, 18.00h e finalmente chegou a hora de arrancar. Aí vou eu a caminho de Marinhais, Salvaterra de Magos, onde fiquei de ir dormir em casa do companheiro Tiago Fernandes.
Pouco passava das 19.30h e lá estava eu à porta do Tiago. Mais uma vez a amiga Amália (gps) que me fez companhia durante toda a viagem, não falhou e, apesar de ser uma estrada de terra, levou-me direitinho à porta do nº60.
Fui recebido na melhor tradição portuguesa pelo casal Fernandes (Paula e Tiago) ao qual agradeço mais uma vez a hospitalidade.
Tenho que vos contar que quando cheguei estava o Tiago de volta da bomba de gasolina um pouco atrapalhado com a coisa... mas tudo se resolveu pois era apenas um cabo cortado.
Jantámos um belo de um peixinho grelhado e depois de lermos as ultimas novidades sobre o passeio no fórum do ATCP, cama com eles porque no dia seguinte esperava-nos um dia comprido.
Hora de saída: 07.30h. E lá estavam elas, prontinhas para arrancar
Esta é a AT do Tiago Fernandes.
Arrancámos em direcção a Coruche onde ficamos de nos encontrar com o Cereja, Moutinho, e mais um outro companheiro, que me perdoe, mas que agora não recordo o nome (AT toda preta...).
Toda a gente foi bastante pontual e até mesmo o Moutinho que vinha do Porto chegou a horas.
Aqui o pessoal a rolar todo junto no alcatrão
O ponto de encontro com a malta que vinha de Lisboa foi na saída da autoestrada para Évora.
Atrasaram-se um pouco, já se sabe, gente de Lisboa... mas tudo bem, cumprimentos e apresentações do costume e arrancámos em direcção a Évora para reabastecermos e onde um outro companheiro se juntaria a nós.
Nesta primeira paragem tivemos oportunidade de falarmos mais um pouco e de admirarmos as motas de uns e outros.
Havia um pouco de tudo, desde as RD03 até ás RD07A.
Até dois "clones" - imitações de AT - vinham no grupo (uma KeTeMato 990 Adventure e uma BMW GS 850)...mas eram boa gente.
Depois do grupo todo junto e reabastecido, arrancamos por estradas alentejanas em direcção a Monsaraz.
Parámos no miradouro do castelo e as vistas sobre o "grande lago" são impressionantes.
A vila de Monsaraz é uma das mais antigas povoações portuguesas, a Sul do Tejo.
A sua ocupação data dos tempos pré-históricos, contando-se nos arredores cerca de centena e meia de monumentos megalíticos.
O próprio monte onde foi construída a vila foi provavelmente um povoado pré-histórico fortificado, e no Arrabalde existe uma vasta necrópole rupestre pré-romana, de sepulturas antropomórficas cavadas na rocha viva.
Segundo as gentes locais, desde a construção da barragem do Alqueva, o clima na zona alterou-se um pouco tendo ficado mais húmido.
Aqui, companheiros admiram a mota mais linda do passeio e os "gadgets" nela instalados.
E Espanha mesmo aqui ao lado
A boa disposição e a camaradagem eram evidentes
De seguida arrancámos para a Amareleja e o seu parque fotovoltaico.
É a central solar maior do mundo e representa um investimento de 237,6 milhões de euros para produzir energia «limpa» para a rede eléctrica nacional durante 25 anos.
Tem uma capacidade instalada de 46,41 megawatts (MW) pico e 35 MW de potência de injecção na rede.
Está construída num terreno de 250 hectares, perto daquela vila do concelho de Moura (Beja) e é considerada a «terra mais quente de Portugal», devido aos recordes de temperatura máxima no Verão.
A chegada à central solar da Amareleja
Encontrámos este portão fechado e a falta de tempo não nos permitiu aceder ao portão principal e assim visitar o interior da central.
Os "clones", como é conhecida a sua falta de potência e robustez, chegaram-se á frente para ver se recebiam alguma daquela energia que tanta falta lhes faz...eh eh eh!
A planta da central solar
A Amareleja ao fundo. No verão o calor deve ser de derreter o alcatrão.
Nesta fotografia consegue-se ter bem a noção do tamanho de cada placa fotovoltaica
Depois de mais alguns quilómetros, resolvemos voltar a reabastecer quando encontrámos esta bomba de gasolina
Pelas minhas contas, e em grande parte devido ao ritmo lento que levávamos, a minha AT estava a fazer consumos abaixo dos 6 ltr/100km.
Havia AT's de todas as cores e gostos...pretas, brancas, amarelas ás riscas
Depois de reabastecermos, fizemos o primeiro troço de terra.
Foi a minha estreia em terra com esta mota. Fiquei muito agradavelmente surpreendido com a estabilidade das trajectórias, leitura do terreno pelas suspensões e até pela leveza da condução.
Pouco se notavam os 235kg...e note-se que os pneus que tenho montados são os Michelin T66, pneus nitidamente estradistas.
Eram perto das 14.00h quando chegamos ao restaurante em São Domingos.
A minha AT tinha entretanto mudado de cor. Estava castanha...tanto era o pó que tínhamos apanhado nos troços de terra. Já se sabe, piso seco...
O Restaurante S.Domingos é um restaurante regional que fica mesmo na aldeia de S.Domingos.
Comemos bem, e para quem não conhecia, teve aqui um bom exemplo da boa gastronomia alentejana. Destaco principalmente o Ensopado de Cação que estava simplesmente divinal!
Depois do almoço foi preciso esticar um pouco as pernas cá fora para conseguir sentar-me novamente na mota.
O grande almoço a isso obrigava (entradas, sopa, grãozada com porco preto, ensopado de cação, arroz doce...tudo regado convenientemente com vinho da região).
Depois da ameaça de chuva para o fim-de-semana, acabamos por ter sorte e tivemos um dia de sol fantástico.
E o sol sabia tão bem...
De seguida arrancámos em direcção ás Minas de São Domingos.
As Minas de São Domingos integram-se na Faixa Piritosa Ibérica que constitui uma das mais importantes Províncias Metalogénicas de sulfuretos maciços polimetálicos à escala mundial.
Os terrenos da região são quase todos de xisto, o clima é quente e seco e nos meses de Verão as temperaturas máximas ultrapassam regularmente os 30 - 35º Celsius.
Mesmo agora em Março, o calor já se fazia sentir.
Estas minas encontram-se inactivas desde 1966 por alegado esgotamento das suas reservas.
Outrora o minério (pirite) era extraído 24 horas por dia, inicialmente transportado do interior das minas para a superfície por burros, mais tarde por vagonetas.
Se quiserem reabrir a mina há aqui "burras" prontas a ajudar...
Algum minério era exportado para Inglaterra e outro, transformado para construção de máquinas em oficinas anexos às próprias minas, era também exportado para Inglaterra.
Entre os anos de 1855 e 1966, foram retirados à serra de S. Domingos cerca de 25 milhões de toneladas de minério.
O primeiro registo oficial é do ano de 1858 e refere a extracção de 236 toneladas de pirite sulfurosa.
Em 1862, apenas quatro anos depois, são exportadas para Inglaterra quase 120.000 toneladas de pirite, metade do consumo daquele país.
O ano de 1912 regista a cifra mais alta de minério exportado ao longo de toda a história da Mina de S. Domingos: 432.350 toneladas de pirite.
A mina, que empregou milhares de trabalhadores, foi considerada uma das maiores fontes do equilibro económico para o concelho.
Estas minas encontram-se inactivas desde 1966 por alegado esgotamento das suas reservas.
O pó era muito mas valeu bem a pena!
Aqui é que a frase fica bem: "Quando a imponência se transforma em beleza!"
Mesmo os que não subiram de mota, vieram ver as vistas.
A boa disposição continuava
A Barragem de Chança mesmo na fronteira Portugal - Espanha.
Do Pomarão seguimos quase sempre por terra até ao Pulo do Lobo.
O ano de 1912 regista a cifra mais alta de minério exportado ao longo de toda a história da Mina de S. Domingos: 432.350 toneladas de pirite.
No ano de 1965, o último ano de extracção no interior do labirinto subterrâneo, apenas foram extraídas 66.823 toneladas.
A mina, que empregou milhares de trabalhadores, foi considerada uma das maiores fontes do equilibro económico para o concelho.
Estas minas encontram-se inactivas desde 1966 por alegado esgotamento das suas reservas.
Fizemos a seguir um troço de terra pelo meio da mina que foi, para mim, um dos tróços mais bonitos de todo o passeio.
O pó era muito mas valeu bem a pena!
Chegados ao alcatrão, rumamos à povoação do Pomarão.
Um pouco antes do Pomarão, subimos uma pequena elevação
Subiu-se bem, o unico problema é que não tinha saida e o espaço era apertado para dar a volta.
Quando dei por mim, tinha ficado acima de toda a gente.
As vistas eram impressionantes com o Guadiana como fundo, a povoação do Pomarão em baixo, Espanha do outro lado...
Aqui é que a frase fica bem: "Quando a imponência se transforma em beleza!"
Mesmo os que não subiram de mota, vieram ver as vistas.
A boa disposição continuava
A Barragem de Chança mesmo na fronteira Portugal - Espanha.
Neste fim-de-semana realizava-se no Pomarão o Festival do Peixe do Rio.
A atracção principal do evento é a mostra gastronómica, mas o certame também é conhecido por outras actividades, como por exemplo, uma descida do Guadiana em canoa ou passeios num barco de pesca tradicional.
Havia diversos petiscos feitos sempre à moda local: barbo, enguia, lampreia e muge.
Para tal, estavam instaladas diversas tasquinhas em vários pontos da localidade do Pomarão,
Pomarão foi em tempos um antigo porto mineiro.
Atravessar Pomarão em pleno festival não foi fácil
Do Pomarão seguimos quase sempre por terra até ao Pulo do Lobo.
Depois de alguns quilometros por terra, numa estrada com um pó cinzento que se agarrava a tudo, chegamos ao Pulo do Lobo.
O Pulo do Lobo é uma zona do Guadiana onde o rio estreita de tal maneira que quase se passa num salto (o tal pulo...).
Dizem as lendas e as histórias dos antigos que os lobos, e não só, usavam este lugar para passar de uma margem para a outra do Guadiana.
Nota-se que o local já foi minimamente arranjado para poder receber visitantes.
Não eramos os únicos turistas no Pulo do Lobo
Ligado a este lugar contam-se inúmeras historias de contrabando e contrabandistas onde, provavelmente, factos reais se aliam à imaginação fértil das gentes locais
O rio passa, num espaço curto, dos cerca de 25 metros de largura para três metros e, como tal, comprime-se e sua corrente acelera.
A água forma depois uma cascata com mais de 15 metros de altura e que seguidamente forma uma enorme lagoa natural.
O local é de uma grande beleza selvagem, um autêntico brinde da natureza, com um silencio só cortado pelo barulho das águas bravas.
Estamos em pleno Parque Natural do Guadiana. Este parque, em contraste com a seca planície alentejana, é quase um pequeno oásis, com mata mediterrânica e cursos de água, e claro, o Guadiana.
Aqui o rio é totalmente diferente do Guadiana de Badajoz ou de Vila Real de Santo António.
A explicação do estrangulamento geológico natural, onde o rio Guadiana se comprime
Saimos do Pulo do Lobo já com o sol a pôr-se no horizonte, envolvidos numa nuvem de pó...
Naquele momento pareciamos os cavaleiros do apócalipse a caminho do fim do mundo! Mas na versão dos bons cavaleiros é claro...!
Parámos depois numa povoação de que não faço a menor ideia do nome.
Nessa povoação ainda pedi uma pucara de água a um local para lavar a viseira do capacete, pois com tanta poeirada já não via nada...
Trocamos os últimos comentários sobre o dia, fizemos as despedidas e preparamo-nos para o regresso a casa.
Apanhei um vento impressionante no regresso, principalmente na zona do Tejo mas a viagem foi boa e sem sobressaltos.
Cheguei a casa perto das 23.00h feliz, satisfeito, cansado mas principalmente com a alma cheia...!!!
Foi um dia em pleno, boa companhia, belas paisagens e mais uma vez tive a oportunidade de comprovar a grande mota que é a HONDA AFRICA TWIN XRV 750!
Um abraço.
Um abraço.
2 comentários:
Parabéns e um grande Obrigado!
Aqui estive a rever aquele que foi o meu 1º passeio com a AT!
Bom passeio, boa gente e boa mota!
Nunes
Muito bom Mateus. A povoação a que te referes chama-se Algodor. As duas fotos que tens com as motos paradas à beira da estrada não são no Pomarão, mas sim à saída de Mértola.
Abraço, AT :)
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